O papel da tecnologia nas políticas de ESG

Artigo de Opinião de Ana Gomes, GRC Director, publicado na Smart Planet

As políticas de ESG (Environmental, Social and Governance) deixaram de ser um diferencial para se tornarem uma exigência. A pressão de investidores, consumidores e reguladores tem impulsionado as organizações a integrarem práticas sustentáveis e éticas nas suas operações. Neste contexto, a tecnologia não é apenas uma facilitadora – é um pilar essencial para tornar os compromissos ESG tangíveis, mensuráveis e eficazes.
 
Ambiental: dados para uma sustentabilidade real
 
No eixo ambiental, a tecnologia permite monitorizar, prever e reduzir impactos ecológicos de forma precisa. A análise de dados, os sensores IoT, por exemplo, fornecem insights em tempo real sobre consumo energético, emissões de carbono e gestão de resíduos. Com estas ferramentas, as empresas podem estabelecer metas de sustentabilidade mais ambiciosas e acompanhar o seu progresso com base em dados concretos, em vez de intenções vagas.
 
Além disso, soluções baseadas em Inteligência Artificial (IA) podem otimizar processos, reduzindo o desperdício e aumentando a eficiência. A IA é também crucial na modelação de cenários ambientais, ajudando a antecipar riscos climáticos e a planear estratégias de mitigação. Um exemplo prático é o uso de satélites com análise preditiva para monitorizar plantações ou avaliar riscos de incêndio em tempo real.
 
Social: inclusão, segurança e bem-estar
 
Na dimensão social, a tecnologia tem um papel transformador. Ferramentas de comunicação e colaboração digital são essenciais para promover espaços de trabalho mais equitativos e participativos.
 
Do ponto de vista da segurança, tecnologias como machine learning e análise comportamental ajudam a identificar padrões de risco e prevenir incidentes de saúde e segurança no trabalho. Ao mesmo tempo, plataformas digitais de formação e capacitação tornam o conhecimento mais acessível, promovendo a igualdade de oportunidades.
 
Governança: transparência e responsabilidade
 
No pilar da governança, a tecnologia reforça a transparência e o controlo. Sistemas de gestão integrados permitem o registo, análise e auditoria de processos internos com elevado grau de rastreabilidade ao mesmo tempo que garantem uma visão abrangente do desempenho organizacional. 
 
A automação de relatórios ESG – com base em frameworks internacionais, como CSDR, ESRS, SFDR, entre outros – garante não só o cumprimento de requisitos legais, como também uma comunicação mais clara com os stakeholders. Neste cenário, a governança torna-se mais baseada em dados e menos vulnerável a subjetividades ou falhas humanas.
 
Apesar das vantagens evidentes, a adoção de tecnologia no contexto ESG ainda enfrenta barreiras. A fragmentação de dados, a resistência à mudança cultural e os custos de implementação são obstáculos comuns. Por isso, é crucial que a estratégia tecnológica esteja alinhada com os objetivos ESG desde o início, com o envolvimento de todas as áreas da organização e uma visão de longo prazo.
 
A tecnologia, quando bem aplicada, é uma aliada indispensável na concretização de políticas ESG robustas e eficazes. Vai muito além de uma ferramenta operacional: é um motor de transformação sustentável. À medida que os desafios globais se intensificam, as empresas que conseguirem unir inovação tecnológica a valores éticos e sustentáveis estarão mais preparadas para liderar o futuro.
 
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